Fernando António Nogueira Pessoa
Nasceu em 13 de junho de 1888 e faleceu em 30 de novembro de 1935
Sarau Prata da Casa das Rosas, desta vez com a participação musical de: Joel Costa Mar e Kátia Rua --- como se costuma dizer: "cantaram e encantaram", merecem um pouco mais... por que também tocaram.
"TUDO VALE A PENA SE A ALMA NÃO É PEQUENA"
Casa das Rosas – perfume no ar
Logo à entrada sorriem as rosas,
É primavera que vai chegar
Que flores lindas e viçosas!
Inspiram poetas com seus fluídos,
Sentimos o presente,e os tempos idos......
I.S.
>Mais um sarau aconteceu, eu me transportei a Portugal. Vi Fernando Pessoa, ora perambulando pela sala, ora parando... Era um belo “fantasma” na pessoa de Donatto Cornetta.
Também o poeta Daniel Franção Stanchi, fez uma dissertação “falando” com Fernando, e nessa prosa ele colocou belas frases do poeta em questão, juntando-lhes a essência da poesia que lhe vinha da alma.
Os heterônimos também não faltaram.
Assim o nosso poeta foi homenageado com muito bom humor e a descontração que sempre faz parte dos nossos saraus.
“Para a explicação da heteronímia, uma simples frase solta existe e que define um traço fundamental dessa explicação”:
“Desejo ser um criador de mitos, que é o mistério mais alto que pode obrar alguém da humanidade”.
Enfim, ficções – mitos... A verdade é que Fernando Pessoa foi um dos maiores poetas da Língua portuguesa, e, sua originalidade é única.
I.S.
“Dorme enquanto eu velo...
Deixa-me sonhar...
Nada em mim é risonho.
Quero-te para sonho,
Não para te amar.
A tua carne calma
É fria em meu querer.
Os meus desejos são cansaços.
Nem quero ter nos braços
Meu sonho do teu ser.
Dorme, dorme, dorme,
Vaga em teu sorrir...
Que o sonho é encantamento
E eu sonho sem sentir.
Fernando Pessoa
Heterônimos (Pequenos trechos)
Em viagem
O que nós vemos das cousas são as cousas.
Porque veríamos nós uma cousa se houvesse outra?
Porque é que ver e ouvir seriam iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?
O essencial é saber viver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa.
Alberto Caeiro
Tabacaria
Não sou nada
Nunca serei nada.
Não posso ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Fiz de mim o que não soube
E o que poderia fazer não fiz.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Álvaro de Campos
Odes
Já sobre a fronte vã me acinzenta
O cabelo de jovem que perdi,
Meus olhos brilham menos.
Já não tem jus a beijos minha boca.
Se me ainda amas, por amor não ames:
Quanta tristeza e amargura afoga
Em confusão a estreita vida! Quanto
Infortunio mesquinho
Nos oprime supremo!
Feliz ou bruto que nos verdes campos
Pasce, para si mesmo anónimo, e entra
Na morte como em casa;
Ou sábio que, perdido
Na ciência, a fútil vida austera eleva
Além da nossa,como fumo que ergue
Braços que se desfazem
A um céu inesistente.
Ricardo Reis