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sábado, 20 de fevereiro de 2010

QUARTA FEIRA DE CINZAS (2010) ISABEL SOUSA




Quarta-feira de cinzas (2010)
Isabel Sousa

Acabou o carnaval
São Pedro foi camarada
Mandou a chuva descansar
O que resultou afinal
Numa folia animada
Quatro dias sem parar.

Blocos - Enredos – tudo o mais...
Por todo o canto do país
Homenagens fictícias e reais
E um grito no coração:
Somos um povo feliz!!!!

Muito sol, muito calor...
Que queremos mais então?
Pedimos até, por favor,
Um fim à impunidade
Um fim à corrupção

Dois mil e dez, que ansiedade
Queremos paz – amor – honestidade!

“Arrombaram a Caixa de Pandora”
E, o dinheiro voou... voou...
Por onde ele andará agora?
Ah, ah, ah... O grupinho, até rezou
À noite festejou com pizza,
Mas... o dinheiro onde ficou?
Lá nos Bancos da Suíça.

E o melhor do carnaval,
Esquecendo cueca e meia,
Governador do Distrito Federal
Foi levado para a cadeia
Pra retiro espiritual

E os foliões cantaram
Muito bem afinadinhos
Em Brasília só escutaram
E ficaram caladinhos.

Carnaval está terminado
Direi então de passagem,
De mãos dadas samba e fado
À X - 9 Paulistana
Obrigada pela homenagem
À nossa terra Lusitana!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

QUEM SE LEMBRA DE PLUTÃO? - ISABEL SOUSA

Quem se lembra do Plutão?

Isabel Sousa



É um ser enigmático - gelado
Um dia foi batizado
Com nome de um Deus romano
O famoso Plutão
Oh, Deus!
No ano dois mil e seis
Foi alvo de discussão
Acreditem - não é treta
Deixou de ser planeta
E foi chamado de anão

Vagueiam pelo espaço
Os páreas do sistema
De asteróides batizados
Alguém perguntou então
Mostrando certo cansaço
Perante o grande dilema:

Onde cabe o Plutão?

Divisões de classes
Que se vislumbram no céu
Expulso da categoria
Por ser pequeno coitado!

E gira agora tristonho
Ao redor da sua estrela
Numa tensa instabilidade
De rei, foi a súbdito,
Que triste realidade!

O seu curso seguirá,
Duzentos e cinqüenta anos
Para uma volta ao sol
Depois de mais desenganos
Outras mudanças virão
Corpos rochosos - gelados
Deste sistema solar
Serão então rebaixados
Como o pobre Plutão

Expulso da categoria
Nem pode reclamar,
Até signos regia!
Era alegre – brejeiro
De repente – assim cassado
Como corrupto deputado
Ou um reles mensaleiro

Com toda a honestidade
Mesmo sem nada de seu
Sempre terá de verdade
Um lugarzinho no céu.


domingo, 7 de fevereiro de 2010

CRÔNICA DOS BEM FALANTES - ISABEL SOUSA




“Crônica dos bem falantes”

Estou no Brasil desde 1964 - sabem o que achei engraçado e gostei, quando aqui cheguei?

Chamavam nas escolas ao nosso idioma: “Língua Pátria”.

Embora, talvez derivado de miscelânea de origens das mais variadas partes do mundo a “Língua Pátria” sofre modificações que de certa forma a enriquece.
Contesto sim, a enxurrada de estrangeirices, que para tudo tem que haver limite.

O meu bairro se chama “Brooklin Paulista”, todo o mundo pronuncia corretamente “Brukli”; e muitas dessas ruas têm nomes norte-americanos, como:
Rua Nebraska – Rua Indiana – Rua Nova York... Vem depois a Rua Miami (e ninguém erra na pronuncia) “Maimi”.

Por ironia navega por este bairro a Avenida Portugal, que atravessa a Rua Pensilvânia – Rua Flórida – Rua Arizona – Rua Orleans, etc. No meio destes nomes, temos outros nativos, em que eu acho ótimo, são genuinamente brasileiros, Grapicica –Guararapes –Arandú- etc. pesquisando sabemos sempre seus significados.

Estamos em um mundo globalizado:
Domicílio é uma palavra fora de moda, e quando a usam ainda carregam no acento grave (chamado no Brasil de crase) escrevendo: “à domicílio”, porém, é mais comum hoje “delivery”.

Outro dia recebi um slide de Portugal onde dizia mais ou menos isto:
“Fixe os olhos no gato” (e, lá estava um gato) “não mexa no “rato”, etc. Enfim, onde estaria o rato? Ao alcance de sua mão. No Brasil se diria não mecha no “mouse”.
“Site” lá é sítio. (O nosso sítio brasileiro lá é uma pequena Quinta)
Não deixa de ser divertido. Em compensação a nossa tela, lá é “écran”.
O que eu realmente contesto é a invenção de nomes estrangeiros.

No Brasil na há mais Diana, e sim, “Daiane e Daiana”, há Maikons –Jaksons, se misturam “ipslons” (is gregos), etc., como o diminutivo de Carlos Henrique, Caíque, virou nome próprio, escrito com pompa alguma vezes: “Kayky”.
Conheci um menino chamado Adolfo Hitler, outro Jean Charles... há quem coloque nome próprio de “Junior”, etc. etc....

É melhor ficar por aqui para não cansar o leitor.

Nossa Língua é forte e nunca cairá, pode sofrer transformações, e compete aos professores e jornalistas contestarem contra alguns eufemismos e “falsos poliglotas”.

Eu não sou nem jornalista nem professora, costumo dizer que gosto de brincar com as palavras, ás vezes é uma forma que encontro para pôr o meu eu para fora.

Fiquemos então com o aforismo de Fernando Pessoa:
“A minha Pátria é a Língua Portuguesa”.

Eu sinto isso mais do que ninguém, pois tenho mais anos de Brasil que de Portugal, e gosto de ser uma mistura dos dois países.

Quando aqui começo a conversar com alguém que não me conhece, recebo um sorriso acompanhado duma observação:
É portuguesa...

Eu retribuo o sorriso e respondo:
Com certeza.

Quando chego a Portugal, acham que sou brasileira então, eu digo que sou uma mistura luso-brasileira e, penso naquela frase batida:”Cada um é produto do meio em que vive”, e é verdade, a gente se agrega e mistura sotaques e costumes.
Uma coisa é certa:

Precisamos saber falar corretamente a nossa Língua.

Cuidado com as estrangeirices.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

AMOR DE CAO - ISABEL SOUSA





Amor de um cão
(história verídica

Isabel Sousa


Porte de pastor
Olhar triste
Perambula sofredor

Sentimento sem igual
Ele perdeu a alegria
Quando o dono foi detido
Naquela delegacia

Que o dono fez afinal?
Não sabemos nem importa
Mas o amigo sentido
Não saiu mais lá da porta

Faça chuva - faça frio
Sol - ou longo estio...
Dali não arreda pata
Há quem pergunte então:
Que faz aqui este cão?

É um cachorro vira-lata,
Debaixo dum banco dorme,
Alguém lhe joga comida
E a tristeza o consome

É uma espera irracional
Como é todo o seu amor
E sua dedicação
Ei-lo soberbo – calmo e triste
Mergulhado na espera

Eu vos digo afinal
Com toda a convicção
É bela – quase irreal
A dedicação de um Cão.