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sexta-feira, 28 de maio de 2010

FOLCLORE - ISABEL SOUSA





Folclore

Isabel Sousa



Que quer dizer folclore?
Pergunta Tiago curioso

Meio confuso papai responde:

Folclore é cultura popular,
Existe no mundo inteiro,
Um resumo vou-te contar
Do folclore brasileiro

Por exemplo:

A dança do “Maracatu”...
As “Calungas...
Bonequinhas coloridas
Oriundas da África,
Vem o “Bumba meu boi”,
“Boi Calemba e Curubi”...

E, a mula sem cabeça?
Que crendice popular...
Vem o saci Pererê,
Negrinho, moleque, travesso,
Pulando com um só pé,
Vira tudo do avesso

Folclore, Tiago,
É um conjunto de tradições,
Crenças, lendas canções,
Fábulas, mitos, baladas...
É uma fusão de culturas,
Um universo de sonhos,
Passados de boca em boca,
Resiste através dos tempos,
Com paixão e alegria,
Todos nós precisamos
De um pouco de fantasia!

SAUDADES - Isabel Sousa


SAUDADES
Isabel Sousa


Saudades de olhar à janela
O calmo transeunte que sorria
Na manhã plácida orvalhada
Ou na tarde que anoitecia
No infinito eu louvava a estrela
Que brilhava suave e delicada

Hoje a janela está fechada
Grade de ferro além da vidraça
A gente que passa vai apressada
Olhar a rua já não tem graça

A criança traquina que corria
Tocava a campainha e fugia
Não há na rua grupos de crianças
O portão baixinho e aberto
Deu lugar a muros de concreto
Ou de alto portão de ferro frio
Há no ar tênues esperanças
Dum mundo melhor menos vazio


Não conheço meu vizinho do lado
Se nos cruzamos, olha-me desconfiado
Misturada sensação de clausura
De incertezas – emoções...
É medo? Ansiedade? Insegurança?
As grades de ferro – os altos portões
Acentuam nossa frágil estrutura!



S. Paulo faz parte de minha história - Isabel Sousa

Rua Furnas em 1964



S. Paulo faz parte de minha história

Isabel Sousa


Quando cheguei à cidade de S. Paulo, aluguei uma confortável casa no Bairro do Mandaqui.
Havia chovido, olhei as folhas encarquilhadas que boiavam nas poças d´água; quis chorar, cerrei as pálpebras, senti-me impotente, as lágrimas haviam secado, estava frio, ficaria mais leve se chorasse. Observei o meu filho de um ano de idade – o meu marido sem emprego – entrei em casa – abri as vidraças e assomei à janela. A grandeza de São Paulo deu-me força.
Estávamos em 1964, imperava a ditadura militar, cujo regime me deixava um tanto assustada. No entanto, se dizia que São Paulo era a cidade que mais crescia no mundo. Então pensei:
Tentarei crescer com ela...
Embalados no sonho da casa própria eu e meu marido, começamos nos fins de semana a percorrer ruas e vielas até encontrarmos em construção uns sobrados no Bairro do Brooklin Paulista que nos agradaram. Compramos um, era amplo e confortável.
A rua era de terra, não havia esgoto nem água canalizada. Um poço no quintal abastecia a residência através duma barulhenta bomba hidráulica.
Dois ou três anos depois veio a água – esgoto – asfalto – e todo o bem estar do progresso.
Nesse espaço de tempo, precisávamos trabalhar.
Tempos atrás eu concluíra um curso de “Corte Costura e Bordados”. Com alguma propaganda de boca em boca tornei-me conhecida no Bairro. Coloquei uma placa na frente da casa:
“Modista - Professora de Alta costura”.
Foi só o começo de uma fase, muitas alunas e muito trabalho.
Em seguida meu marido também arrumou emprego e os ânimos se aqueceram.
O tempo foi passando – a família aumentou – nasceu o segundo filho – depois de aproximadamente oito anos nasceu uma menina.
Tudo se completava, e a primavera parecia eterna.
Até que um dia meu marido partiu. Senti o chão fugir-me debaixo dos pés.
Vi os três filhos à minha frente e São Paulo de braços abertos me desafiando.
Readquiri minhas forças. Decidi também mudar de profissão. Como não havia escolas infantis no Bairro, pensei montar uma em minha casa.
Conversei com várias mães que tinham filhos em idade pré-escolar, e elas apoiaram a idéia.
Alfabetizei muitas crianças do Bairro, e acabei ministrando também aulas para preparar os alunos do quarto ano primário ao extinto exame de admissão ao antigo Ginásio.
Mais uma vez olhei esta cidade que não pode parar e notei que algumas escolas surgiam por perto, o progresso estava acelerado, não tendo, portanto como competir com essas escolas bem estruturadas, assim mais uma vez mudou o rumo de minha vida.
E, São Paulo me apontando as oportunidades.
Trabalhei por algum tempo no conhecido, mas também extinto “Círculo do Livro”. Caminhei muito pelas ruas do Brooklin - Vila Olímpia – Itaim; visitando os sócios e pegando o pedido de compra de livros expostos nas revistas mensais.
Havia algo de provinciano no ar, as pessoas eram afáveis e em cada rosto aflorava um sorriso.
Depois de algum tempo desliguei-me do “Círculo do Livro”, foi-me então apresentada a oportunidade de trabalhar em uma Escolinha onde exerci o cargo de Educadora Infantil.

Retornando:
Cruzando a minha rua, se espraiava preguiçosa e despretensiosa a Avenida Eng. Luís Carlos Berrini. Um córrego a separava do outro lado do Bairro havia umas pontes improvisadas e estreitas precisando duma certa habilidade e equilíbrio para atravessá-las.
Espalhavam-se ao redor algumas chácaras. O campo ao lado de minha casa era repleto de eucaliptos; no meu quintal, um caramanchão de madre-silva exalava um perfume que combinava com as noites de luar e com o céu estrelado.
Os vizinhos se reuniam após o jantar; enquanto isso, as crianças brincavam na rua. Existia um não sei quê de parentesco entre todos.
Lembro-me da inauguração da Praça Gentil Falcão, o helicóptero desceu com uma figura política, não sei se era Governador ou o Perfeito; a Banda tocava, e tudo era festa, a Avenida se banhava no córrego, parecia sorrir.
Na esquina da Praça havia um matadouro, onde se ouvia o cacarejar das galinhas e, se cumpria claro a “lei divina” da “cadeia alimentar”, as coitadas eram mortas na frente do freguês. Vendiam-se ovos também. Hoje lá é o Banco Safra.
Crianças aos domingos empinavam pipas e quantas eu fiz para meus filhos! Outras andavam de bicicleta, as menores adoravam jogar pedrinhas no córrego.
Fecho os olhos – refugiando-me nas boas lembranças – consigo até ver poesia ao recordar as folhas encarquilhadas que boiavam nas poças d`água no dia em que cheguei à cidade de S. Paulo.

Eis aqui. Um pequeno retrato antigo de um cantinho desta cidade tão cheia de histórias, junto com ela alguns fragmentos da minha própria história.
Hoje a Avenida Eng. Luís Carlos Berrini não conserva nem uma sombra da simplicidade de outrora; quase imponente – Arquitetura moderna – Edifícios gigantes – Hotéis – movimento – É o progresso!

segunda-feira, 24 de maio de 2010




Pequenos sonhos
Isabel Sousa



O pobre homem todos os dias fazia o mesmo percurso.


Montado em seu burrico com dois recipientes de água pendurados na montaria do animal.


Em seu punho, um rebenque para cutucar o simpático jumento se necessário fosse.


Pingas de suor escorriam-lhe pelo rosto cansado e sempre taciturno. Aquele trajeto virou rotina.


No fundo sentia aviltante tal situação, mas com braço forte seguia em frente.


Sua mulher o esperava com um sorriso amarelo, e pegava os vasilhames despejando-os em recipientes improvisados para enfrentarem aquela seca maldita.


Cansados, um dia combinaram vender seus parcos haveres e com o produto dos mesmos rumaram a São Paulo.


Oh! Terra sonhada, quase idolatrada!


Chegados ao seu destino alugaram um barraco numa encosta. Em baixo o córrego corria tranqüilo e manso...


Não muito longe dali havia uma escola onde as crianças poderiam ir a pé.
Parecia tudo perfeito para recomeçar uma nova vida.


Logo ele arrumou trabalho na construção civil e a mulher de diarista em casa de uma boa família.


Depois do trabalho ele regressava ao seu pequeno lar, e feliz abraçava a companheira e lhe dizia sorrindo:


“Mamana” querida!


Beijava as crianças, conversavam um pouco, não tinham muito assunto. E a comida fumegava sobre a mesa da cozinha.


Rotina?


Seria... Se um dia, uma violenta tempestade não desabasse repentinamente. E foi um daqueles dias em que a Natureza se tornou agressiva e revoltada, parecendo dizer:


Comigo ninguém pode! Às vezes sou linda – maravilhosa – porém, há momentos que me enfureço, lembrando aos homens que há lugares que são só meus, ou alertá-los então, para se precaverem ao usá-los providenciando os necessários cuidados.


Foi em um dia desses que a Natureza se enfureceu que fez desabar a humilde habitação e todas as outras ao seu redor.


Os “heróis” desta história desolados preferiram regressar às suas origens e, lá foram rumo de novo ao sertão.


Resolveram não se obsedar mais e aceitaram aquela vida rotineira e quase vazia, tentando serem felizes com seus pequenos sonhos.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

NOIVADO VIRTUAL - Isabel Sousa






Noivado virtual
Isabel Sousa



Em tempos passados escrever cartas era o meio mais comum de comunicação. Essa prática está quase extinta.
A internet veio a todo o vapor, veloz e espontânea. Porém, através dela nossa alma não se desnuda, é tudo muito mecânico.
Dizia-se que a forma de escrever revelava nosso caráter e personalidade.
Havia até um intercambio chamado:
“A tua letra fala de ti”.
Será que fala mesmo?
Pensando nisso poderemos entender a história que vou contar:
João colocou um anuncio em um Jornal diário que dizia o seguinte:
“Cidadão de 25 anos – bom caráter- mora fora do Brasil, deseja conhecer moça de boa família para um futuro relacionamento amoroso.
“Enviar carta para este Jornal.”
Deste modo seguiu a história.
João recebeu várias cartas, e, pela letra – redação – firmeza na escrita – singela discrição... Decidiu-se pela de Janaína.
Assim começaram uma longa troca de cartas onde ambos expunham no papel todos os seus anseios – sonhos – frustrações – deixando transparecer suas almas.
No fim houve troca de fotos e nada de decepções. Sentiam-se felizes no lusco-fusco da relação.
Até que João decidiu abrir o jogo; e propôs a Janaína escrever uma carta a seu pai pedindo o consentimento do mesmo para um futuro e próximo enlace.
A carta seguiu nestes termos:



Senhor Manuel



Estou apaixonado por sua filha, há muito nos correspondemos, venho pedir sua aprovação para ficar noivo de Janaína.
Como eu moro na Inglaterra e ela no Brasil, não vejo necessidade de maiores despesas, se nos conhecemos através de cartas e nos amamos nada impedirá que nos casemos por procuração.
Que tal a idéia?
O senhor arruma aí uma pessoa idônea para eu enviar a minha procuração.
Após a cerimônia Janaína virá ao meu encontro para uma longa e duradoira lua de mel. Ela irá conhecer os famosos nevoeiros londrinos e toda a Grã Bretanha.
Um grande abraço.
Seu futuro genro,
João





Ora o seu Manuel, na sua simplicidade, um tanto atônito, consultou a filha, que se mostrou encantada com a originalidade e se confessou também apaixonada.
Desta forma seguiram todos os tramites e tudo foi consumado.
Passado tempo João e Janaína vieram ao Brasil reverem parentes e amigos para que todos pudessem constatar que é possível as pessoas se conhecerem escrevendo cartas e mais cartas, lê-las e relê-las...
Até hoje eles acreditam que a escrita mostra quem nós somos.
Será?




CONFUSÃO - Isabel Sousa




CONFUSÃO


Maria dos Prazeres, acabada de chegar de Portugal para uma visita a sua irmã que reside no Brasil, sentada em uma confortável poltrona da sala de estar da dita irmã, atende ao telefone que retine sobre a mesa a seu lado.


Está lá?


Do outro lado da linha:


Alô! É a dona da casa?


Maria responde:


Não. A casa é alugada. Minha irmã é a inquilina.
Interlocutor:


Certo. É o seguinte:


Amanhã em horário comercial estaremos visitando o seu esse Bairro para demonstração de um filtro de água de última geração.


Maria interrompe:


Não entendi não senhor!


Interlocutor insiste:


Consta aqui em meu protocolo que essa casa foi reformada há pouco tempo e que ainda não tem no momento um bom filtro de água, que, digamos de passagem é essencial para a saúde. Nossa visita é grátis.


Maria confusa responde:


Reformada! A casa eu não sei... Pois meu senhor, eu é que estou reformada e com muita saúde! Não precisamos de visitas de estranhos, e muito menos esse tal de filtro.


Interlocutor com uma sonora gargalhada responde:


Ah, ah, ah... Desculpe senhora! A senhora está reformada? Fez plástica ou colocou Botox?


O vendedor de filtros desliga rápido o telefone sorrindo sem entender sua gafe.

Reformada em Portugal quer dizer: aposentada

domingo, 16 de maio de 2010

CONTADORA DE HISTÓRIAS - Isabel Sousa



Contadora de histórias
Isabel Sousa


Contadora de histórias eu sou
Falo do príncipe e da princesa
Da borboleta que voô
Do pirilampo de luzinha acesa
Da formiga que trabalhava
Da cigarra que só cantava

Era uma vez uma abelhinha
Que morava na colméia
Com a mãe abelha mestra
Chamada também de rainha
E o zangão que voava
Sempre em dias de festa

Com toda a paciência
Conto e reconto a história
Leio nos olhos da criança
A graça da inocência
Fica tudo na lembrança
Bem no fundo da memória

Repito – repito a história
E isso nunca me cansa.



sexta-feira, 14 de maio de 2010

NOSSA LÍNGUA LUSITANA - Isabel Sousa





Nossa Língua Lusitana

Nossa Língua portuguesa deriva do antigo Latim, que no decorrer dos tempos sofreu várias influências, como é normal.

Aqui no Brasil se misturou com algumas palavras tupis como “xará”- “jururu”, também algumas africanas como “cafuné” – bagunça, etc. etc.

(E, realmente no Brasil virou uma grande “bagunça”).

Mais tarde veio a mistura de palavras inglesas que acabaram por ser assimiladas, porém, neste caso deveremos ter mais cuidado e só usá-las se necessário.

Preservar o nosso idioma é conservar nossa individualidade.

Em Portugal se dizia que os portugueses eram macacos de imitação, quando em tempos idos se abusava das palavras francesas.

Cheguei ao Brasil e constatei que o inglês, sobretudo em nomes próprios criara força.

Realmente hoje não dá mais para fugir dessas influências.

Imitação? Globalização?

Enfim, não quero encompridar mais para não me tornar enfadonha.

Continuando:

Como eu diria em Portugal para começarmos a nossa oficina?

Diria:

“Vamos planear nossa oficina de textos”.

No Brasil:

“Vamos planejar”.............

Em Portugal eu vou “apanhar” um autocarro, aqui eu “pego” um “ônibus”. (que deriva do inglês)

Complicado? Não.

Vivo no Brasil há mais de quarenta anos e tenho certeza que muita coisa tem mudado em Portugal em termos e palavras.

Pois com o fim das colônias do ultramar muitas pessoas das mesmas imigraram para o chamado “continente”, e trouxeram novos costumes e novas palavras, que hoje circulam por lá, e dessa forma as Línguas vão enriquecendo e se transformando.

Assim se dividia Portugal:

Portugal Continental – Portugal Insular – e Portugal Ultramarino.

Com a perda das Colônias”, mudou tudo.

Enquanto o Brasil fica eternamente deitado em berço esplêndido, Portugal continuará para sempre à “beira-mar plantado”... Sim, ele é banhado de um lado pelo Oceano Atlântico, do outro lado fica a vizinha Espanha.

Bom, vamos continuar com a nossa Língua Lusitana e tentar escrevê-la o melhor possível.

Acordo ortográfico?

Acho um tanto difícil, poderemos deixar essa discussão para outra vez. Acho que seria interessante discuti-la de facto. Ou... de fato?

Fato em Portugal é “terno” no Brasil, não faria sentido tirar o c do “facto” de Portugal, pois aquele c não é mudo.

Só mais uma coisa:

Há quem diga que o português que se fala no Brasil é muito parecido com o que falava Camões. Alguém duvida que Camões não falava um lindo Português?
Viva o Brasil!

Viva a Língua portuguesa!

Teremos muita discussão pela frente!