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terça-feira, 29 de junho de 2010

Brasil (510 anos) - Isabel Sousa

Brasil (510 anos)
Isabel Sousa

Brasil ainda é jovem
Há cinco séculos nascido
Aprendeu a andar sozinho
Por vezes vacila e tropeça
É um gigante menino
Cheio de sonho e promessas

Um dia os navegadores
De um país de além-mar
Sonharam cruzar os mares
“Nunca dantes navegados”

As caravelas partiram
Lá do porto de Belém
Serenas deslizaram
Pelas águas azuis do Tejo

Algum tempo se passou
E as mansas águas
Ficaram para trás

O mar embraveceu
Os ventos uivaram
Ameaçando a paz
O Oceano gritava
Investia contra as caravelas
E perguntava:
Quem são vocês?
Que ousam cruzar minhas águas!
E, as naus à deriva
O lema era lutar
Contra a fúria do mar
Muitas vidas se foram
Sepultando seus sonhos
No fundo do Oceano
Até que o sol brilhou
O mar se acalmou
Terra à vista!
Alguém gritou,
Era o despertar!
Nativos apareceram
Nas areias quentes da praia
“Serenos e doces”
Como disse Caminha

Sob o esplendor do sol
Do céu azul e suave
Descem nuvens de algodão
E beijam aquele mar
Ondulado de branca espuma

Os lusitanos encantados!
Pegaram dois troncos
Ergueram simbolicamente
A cruz do Cristo Redentor
No horizonte uma luz
Nasceu naquele momento
A Terra de Vera Cruz

Mais além - verdes matas
Grandes árvores...
Troncos vermelhos
Que pareciam brasas
No sol escaldante

Inspiração...
Brasa – Brasil
Nome forte de varão

Nativos desconfiados
Olharam os invasores
Chegados de Portugal
Como um tratado de paz
Alguns objetos trocados
Até por um punhado de sal

O sol sorriu – o mar se espreguiçou
Beijou as areias – nasceu o Brasil!

Retrato de um jovem poeta - José Saramago

Retrato do poeta quando jovem
José Saramago

Há na memória um rio onde navega
Os barcos da infância, em arcadas
De ramos inquietos que despregam
Sobre as águas as folhas recurvadas.

Há um bater de remos compassado
No silêncio da lisa madrugada,
Ondas brancas se afastam para o lado
Com o rumor da seda amarrotada

Há um nascer do sol no sítio exacto,
A hora que mais conta duma vida
Um acordar dos olhos e do tacto,
Um saciar de sede inextinguida,

Há um retrato de água e de quebranto
Que no fundo rompeu desta memória,
E tudo quanto é rio abre no canto
Que conta do retrato a velha história.