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sexta-feira, 19 de março de 2010

CREPÚSCULO NO ALENTEJO - ISABEL SOUSA




CREPÚSCULO NO ALENTEJO

Isabel Sousa


Na longa planície
Um ar desbotado
De azul incerto
Era o entardecer

Gente caminhava
Ao ombro uma enxada
Ou uma foice na mão
Sentindo o vento
Amando a vida...

Caía a tarde o vento rugia
Latia o cão coaxava a rã

Manhãs pardacentas....
O sol dormia...

A caminho do trabalho, o sol acordava,
No regresso ele se escondia,
Aquela gente sempre sorria.

Chegando ao lar
Fumegava a açorda...
Depois do jantar
Ainda iam cantar
Cantigas em voga
De braços entrelaçados
Cantavam as baladas
Pelas ruas de terra
Soavam aos ouvidos
Como serenatas

Esqueciam injustiças
Do árduo trabalho
Como me lembro
Daqueles caminhos!
Talvez eu beirasse
Meus cinco anos
Jamais esquecerei
Os alentejanos

Recordo veredas
Caminhos de brejo
Tinha algo poético
O meu Alentejo.




SOBRE O ALENTEJEO

A região do Alentejo é grande parte do Sul de Portugal, logo acima do Algarve. Nesta região encontramos cidades como Setúbal, Portalegre, Beja… faz fronteiras com o Algarve pelo sul, com Lisboa a norte, com o Oceano Atlântico a oeste e a leste com a Espanha. O Alentejo é uma região que uma área de mais de 30 000 quilómetros quadrados, practicamente uma terça parte de Portugal e sua população é de cerca de um milhão de habitantes, apenas um 7% da população.

O Alentejo, está subdividida em várias zonas, o Alentejo Central, o Litoral, o Alto Alentejo, o Baixo Alentejo, Lezíria do Tejo (Antigo Ribatejo). São mais de 50 os municípios que encontramos nesta região, onde o turismo é uma importante fonte de rendimento. Encontra-se cidades como Cacém, Sines, Portalegre, Setúbal, Beja, Odemira, todas elas cheias de apartamentos, casas rurais, moradias, casas de praia, hotéis e todos os tipos de Alojamento onde poderá desfrutar das suas férias.

O Alentejo é uma região que se encontra numa planície, sem grandes altitudes, onde o descanso e a tranquilidade será uma mais-valia para umas desejadas férias, uma paisagem que se junta com os sobreiros e as oliveiras, tudo rodeado por muralhas, que representam a história desta terra, as suas muralhas, as terras, a natureza, o campo torna o Alentejo numa zona única de Portugal.

Um destino turístico por excelência pode ser encontrado em Zambujeira do Mar, ou Vila Nova de Mil Fontes sem esquecer lugares como Évora, com as suas ruínas romanas, o seu cheiro de história ou Setúbal com as suas praias, qualquer tipo de hotel e apartamentos.

Evidentemente, não se pode esquecer do delicioso peixe ou marisco desta região de Portugal, que olha pelo mar e pelo interior, mas acima de tudo olha para o passado ao mesmo tempo que preserva um dos mais ricos patrimónios históricos que podem ser encontrados. http://alentejo.costasur.com/


Visitem:




PALÁCIO DUCAL
Antiga residência dos Duques de Bragança desde os princípios do século XVI, a sua construção iniciou-se em 1501 - 1502 (na ala Norte) e completou-se já no século XVIII. A fachada principal é toda revestida de mármores da região e inspira-se na arquitectura italiana renascentista, com três andares, a cada um deles correspondendo, desde o rés-do-chão ao piso superior, uma das ordens clássicas: dórica, jónica e coríntia.

No interior das suas 50 salas visitáveis guardam-se as peças das preciosas colecções de arte e as raríssimas espécies bibliográficas que pertenceram a D. Manuel II, último monarca reinante de Portugal. Destacam-se pinturas dos membros artistas portugueses do século passado, ourivesaria, tapeçarias flamengas e francesas, pinturas a fresco em paredes e tectos, mobiliário de estilo, porcelanas orientais, portuguesas, italianas e de outras origens, armaria antiga com peças raras de fabrico oriental, português, alemão, francês, etc.






Terreiro do Paço
É este terreiro uma das mais belas praças do país, espaço amplo e desafogado com cerca de dezasseis mil metros quadrados, localizado à entrada da fidalga e nobre Vila Viçosa, quando se vem do lado de Borba e Estremoz e da Fronteira de Elvas, deixando à direita a Capela Real e os Jardins do Paço.




PORTO DE NÓS



Obra quinhentista que dá entrada para a tradicional Ilha, em cujos vastíssimos terreiros se edificaram, sucessivamente, além das moradias de servos da Casa, a Colegiada de Nª Sª da Conceição, o Seminário dos Reis Magos, estrebarias, cocheiras, abegoaria e outras oficinas necessárias numa grande casa fidalga mas também agrícola e rural.

Em épocas antigas, ladeando o portal e baseado na informação do escritor Fr. Manuel Calado, em 1648, existiam o brasão de armas e lápidas de pedra simbolizando a jactância e poder da sereníssima casa brigantina, que diziam: Depois de vós - Depois de nós, cujo significado era: Depois da pessoa Real nós somos os primeiros na grandeza e na pretensão do Reino, e todos os outros Duques, Marqueses e Condes são depois de nós. http://www.portugalvirtual.pt/_tourism/plains/vila.vicosa/ptsightseeing.html


E tantos outros pontos turísticos que Alentejo preserva para visitação...

quinta-feira, 11 de março de 2010

LEMBRANÇAS - ISABEL SOUSA

Taj Mahal - Cidade de Agra - India

Encontra-se classificado pela UNESCO como Património da Humanidade. Foi recentemente anunciado como uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo Moderno em uma celebração em Lisboa no dia 7 de Julho de 2007.

A obra foi feita entre 1630 e 1652 com a força de cerca de 20 mil homens,[2] trazidos de várias cidades do Oriente, para trabalhar no sumptuoso monumento de mármore branco que o imperador Shah Jahan mandou construir em memória de sua esposa favorita, Aryumand Banu Begam, a quem chamava de Mumtaz Mahal ("A jóia do palácio"). Ela morreu após dar à luz o 14º filho, tendo o Taj Mahal sido construído sobre seu túmulo, junto ao rio Yamuna.

Assim, o Taj Mahal é também conhecido como a maior prova de amor do mundo, contendo inscrições retiradas do Corão. É incrustado com pedras semipreciosas, tais como o lápis-lazúli entre outras. A sua cúpula é costurada com fios de ouro. O edifício é flanqueado por duas mesquitas e cercado por quatro minaretes.

Supõe-se que o imperador pretendesse fazer para ele próprio uma réplica do Taj Mahal original na outra margem do rio, em mármore preto, mas acabou deposto antes do início das obras por um de seus filhos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Taj_Mahal



Lembranças

Isabel C. S. Sousa



Tênues lembranças
Povoam minha mente
Algumas esparsas
Pálidas nuances...
Desenhos escusos...
Confusos...

Tempos remotos
Passados na Índia
Bombaim, Calcutá, Nova Delli...
Agra com seu imponente Taj Mahal...

Cidades morenas
Repletas de gente
De olhares profundos
Tristes penetrantes...

A tradição de castas
Milenar e mantida,
Apesar de, oficialmente proibida

Misticismo...
Brâmanes – Sudras - Intocáveis

Vacas “sagradas”
Doces e livres
Passeiam pelas ruas

Os rikshows
Trafegam ligeiros
No aglomerado
De pessoas e carros

Cheguei a Goa...
Ex- colônia portuguesa,

Os mesmos olhos... a mesma cor...

As águas cálidas do Rio Mandovi...
Cidades pacatas...
Pangim - Mapuçá - Vasco da Gama - Margão...

Difícil entender
Aquele mundo
E sua gente!

Vi os contrastes...
Cores garridas
Algumas desbotadas
Como perdidas

Suas divindades principais:
Brama – Siva – Vishu
Predomina a religião Hinduísta
Sendo a Católica uma minoria
A Índia ostenta grande riqueza
Em contraste com a pobreza

A multidão se confunde
Nos seus rituais
É um mundo pobre e rico
Cheio de mistérios...
Segredos...
Para nós, ocidentais.




segunda-feira, 1 de março de 2010

SÍNDROME - ISABEL SOUSA



SÍNDROME
ISABEL SOUSA

Os galhos pareciam se espreguiçar...
Balançava levemente a folhagem...
Como se infinita fosse a paisagem
Numa beleza pura e singular!

Árvore eu quisera ser
De tronco firme na terra
Protegendo minha raiz
Sou apenas um galho
Que o vento um dia rumou
Para um lugar bem distante
Galgou montes galgou serras
Seguiu depois um atalho
Ao acaso ou, por que quis
Ainda bem verdejante
O vento me plantou
Em um distante país,
Aí então criei raízes
Rompendo o agreste chão
E mais galhos brotarão
Mas em outras diretrizes

Meu sentimento profundo
Nos meus caminhos incertos
Perambulei pelo mundo
Entre aglomerados e desertos
Escuto sem ouvir e olho sem ver
Minha mente vai distante...
Sinto uma vaga luz se acender...
Será “síndrome” de imigrante?

CÂNTIGO NEGRO - JOSÉ RÉGIO

José Régio



Cântico Negro
De: José Régio


“Vem por aqui” – dizem-me alguns com olho doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: “vem por aqui”!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem vontade
Com que rasguei mo ventre a minha mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprio passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: “vem por aqui”?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o longe e a miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tetos,
E, tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha loucura!
Levanto-a como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o diabo é que me guiam, mais ninguém,
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei para onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!