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terça-feira, 13 de abril de 2010

IMORTALIDADE - Isabel Sousa




Imortalidade
Isabel Sousa


Querer um livro escrever
No fundo é rejeitar a morte
É triste a palavra morrer!
Mas com um pouco de sorte
Apelando para a memória
Libertando a imaginação
Capítulos da nossa história
Tomam outra dimensão

Um livro nos dá afinal
A esperança – a ilusão...
De ser um dia imortal.



Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão.
Eles não têm pouso nem porto, alimentam-se um instante em cada par de mãos vazias, e olhas então, essas mãos vazias no maravilhoso espanto do saberes que o alimento deles já estava em ti.

MÁRIO QUINTANA

quinta-feira, 1 de abril de 2010

SHAMU - Isabel Sousa


Shamu - gato de estimação de Isabel.
Faleceu hoje e a nossa poetisa está inconsolável!
Mandem mensgens de apoio para ela.


Shamu
Isabel Sousa


Shamu que brincas de bola
Denotas tanta alegria
Ao veres a bola que rola
No teu espaço fantasia

Mas se um passarinho canta
Lá nas bandas do quintal
Tua atenção se levanta
Num instinto natural

És feliz por que não pensas
Sentes que o mundo é teu
Eu com mágoas imensas
Só não queria ser Eu.

Queria ser minha gatinha
E ter uma dona como eu.




NÃO SAIAS DO TEU PAÍS - ISABEL SOUSA




NÃO SAIAS DO TEU PAÍS
Isabel Sousa


Ele olhava a esmo
As ondas revoltas do mar
Senti a sua tristeza
E decidi perguntar:

O que sentes imigrante
Do teu berço tão distante?
O que te levou a buscar
Outros horizontes...
A transpor fronteiras...
Como um galho sem raiz
Procuraste água nas fontes
Para conservares o viço
Não te sentires infeliz

Vejo em teu semblante
Um misto de amargura
E alegria vã
O gosto da aventura
Uma ternura sã
Pelo mundo que abraçaste
E a dor da saudade
Por tudo o que deixaste
O fantasma da esperança
Que tua mão não alcança
Sentes-te forasteiro
Num país que não é teu
Mas não é mais estrangeiro,
Teu coração dividido
Quando acordas vês então
Que o galho criou raiz
Prendeste-te a este chão

O mundo da tua infância
Acredita que morreu
Afoga a tua amargura
Respira a doce fragrância
Da terra que te recebeu

Com o olhar perdido no espaço
Respondeu-me lentamente:

Quanta angustia! quantos sonhos...

Se voltasse para viver
Em meu saudoso país
Seria então imigrante
Na terra que me viu nascer
Tudo ficou tão distante
Nem sei se sou feliz
Mas te aconselho amigo
Ouve bem o que te digo
Não saias do teu país!
Se puderes viajar
Outros mundos conhecer
Vai para passear, estudar,
Não pra criar raiz.