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domingo, 7 de fevereiro de 2010

CRÔNICA DOS BEM FALANTES - ISABEL SOUSA




“Crônica dos bem falantes”

Estou no Brasil desde 1964 - sabem o que achei engraçado e gostei, quando aqui cheguei?

Chamavam nas escolas ao nosso idioma: “Língua Pátria”.

Embora, talvez derivado de miscelânea de origens das mais variadas partes do mundo a “Língua Pátria” sofre modificações que de certa forma a enriquece.
Contesto sim, a enxurrada de estrangeirices, que para tudo tem que haver limite.

O meu bairro se chama “Brooklin Paulista”, todo o mundo pronuncia corretamente “Brukli”; e muitas dessas ruas têm nomes norte-americanos, como:
Rua Nebraska – Rua Indiana – Rua Nova York... Vem depois a Rua Miami (e ninguém erra na pronuncia) “Maimi”.

Por ironia navega por este bairro a Avenida Portugal, que atravessa a Rua Pensilvânia – Rua Flórida – Rua Arizona – Rua Orleans, etc. No meio destes nomes, temos outros nativos, em que eu acho ótimo, são genuinamente brasileiros, Grapicica –Guararapes –Arandú- etc. pesquisando sabemos sempre seus significados.

Estamos em um mundo globalizado:
Domicílio é uma palavra fora de moda, e quando a usam ainda carregam no acento grave (chamado no Brasil de crase) escrevendo: “à domicílio”, porém, é mais comum hoje “delivery”.

Outro dia recebi um slide de Portugal onde dizia mais ou menos isto:
“Fixe os olhos no gato” (e, lá estava um gato) “não mexa no “rato”, etc. Enfim, onde estaria o rato? Ao alcance de sua mão. No Brasil se diria não mecha no “mouse”.
“Site” lá é sítio. (O nosso sítio brasileiro lá é uma pequena Quinta)
Não deixa de ser divertido. Em compensação a nossa tela, lá é “écran”.
O que eu realmente contesto é a invenção de nomes estrangeiros.

No Brasil na há mais Diana, e sim, “Daiane e Daiana”, há Maikons –Jaksons, se misturam “ipslons” (is gregos), etc., como o diminutivo de Carlos Henrique, Caíque, virou nome próprio, escrito com pompa alguma vezes: “Kayky”.
Conheci um menino chamado Adolfo Hitler, outro Jean Charles... há quem coloque nome próprio de “Junior”, etc. etc....

É melhor ficar por aqui para não cansar o leitor.

Nossa Língua é forte e nunca cairá, pode sofrer transformações, e compete aos professores e jornalistas contestarem contra alguns eufemismos e “falsos poliglotas”.

Eu não sou nem jornalista nem professora, costumo dizer que gosto de brincar com as palavras, ás vezes é uma forma que encontro para pôr o meu eu para fora.

Fiquemos então com o aforismo de Fernando Pessoa:
“A minha Pátria é a Língua Portuguesa”.

Eu sinto isso mais do que ninguém, pois tenho mais anos de Brasil que de Portugal, e gosto de ser uma mistura dos dois países.

Quando aqui começo a conversar com alguém que não me conhece, recebo um sorriso acompanhado duma observação:
É portuguesa...

Eu retribuo o sorriso e respondo:
Com certeza.

Quando chego a Portugal, acham que sou brasileira então, eu digo que sou uma mistura luso-brasileira e, penso naquela frase batida:”Cada um é produto do meio em que vive”, e é verdade, a gente se agrega e mistura sotaques e costumes.
Uma coisa é certa:

Precisamos saber falar corretamente a nossa Língua.

Cuidado com as estrangeirices.

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