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quinta-feira, 1 de abril de 2010

NÃO SAIAS DO TEU PAÍS - ISABEL SOUSA




NÃO SAIAS DO TEU PAÍS
Isabel Sousa


Ele olhava a esmo
As ondas revoltas do mar
Senti a sua tristeza
E decidi perguntar:

O que sentes imigrante
Do teu berço tão distante?
O que te levou a buscar
Outros horizontes...
A transpor fronteiras...
Como um galho sem raiz
Procuraste água nas fontes
Para conservares o viço
Não te sentires infeliz

Vejo em teu semblante
Um misto de amargura
E alegria vã
O gosto da aventura
Uma ternura sã
Pelo mundo que abraçaste
E a dor da saudade
Por tudo o que deixaste
O fantasma da esperança
Que tua mão não alcança
Sentes-te forasteiro
Num país que não é teu
Mas não é mais estrangeiro,
Teu coração dividido
Quando acordas vês então
Que o galho criou raiz
Prendeste-te a este chão

O mundo da tua infância
Acredita que morreu
Afoga a tua amargura
Respira a doce fragrância
Da terra que te recebeu

Com o olhar perdido no espaço
Respondeu-me lentamente:

Quanta angustia! quantos sonhos...

Se voltasse para viver
Em meu saudoso país
Seria então imigrante
Na terra que me viu nascer
Tudo ficou tão distante
Nem sei se sou feliz
Mas te aconselho amigo
Ouve bem o que te digo
Não saias do teu país!
Se puderes viajar
Outros mundos conhecer
Vai para passear, estudar,
Não pra criar raiz.

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