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domingo, 4 de julho de 2010

30 Anos sem Vinícius - Isabel Sousa

30 Anos sem Vinicius!

Vinicius de Morais um dos maiores poetas da Língua portuguesa, vida repleta de histórias.
Quando percebeu que como poeta não teria meios de ganhar a vida, colocou então seu talento na música e como valeu a pena!
Faço questão de registrar aqui um fato passado em Portugal, e, foi lindo!
No tempo da ditadura salazarista.

Vinicius fazia um show em uma casa de espetáculos em Lisboa, ao terminar alguém lhe sussurrou aos ouvidos:
Vinicius, é melhor você sair despercebido, que lá fora está uma confusão dos diabos, um monte de engravatados festejam o AI 5, que acabou de ser implantado no Brasil.
Vinicius não se abalou e saiu de cabeça erguida, e ao olhar aquele bando de “uniformizados”, calmamente declamou com galhardia o seguinte poema:

Pátria Minha
A minha pátria é como se não fosse, é intima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos da minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha
Tão pobrinha!

Por que te amo, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, sem Deus!

Tenho-te, no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.
Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até ao céu
Muitos se surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu saiba, mas amanheceu...

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!

Quero rever-te pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.


Ao terminar o poema, aconteceu a coisa mais inesperada e inesquecível.
O grupo de engravatados um a um despiu seus paletós e fizeram deles um tapete para Vinicius de Morais passar!

Um comentário:

Unknown disse...

OLÁ QUERIDA ISABEL VIM VISITÁ-LA E ENCONTRO UM VELHO AMIGO, Vinicius DE MORAES. GOSTEI MUITO DE AQUI VIR E VOLTAREI SEMPRE. BEIJINHOS