O Alentejo era chamado o Celeiro de Portugal.
Ceifeiras do Alentejo
Montes Velhos.... A terra onde eu nasci. O lugar na verdade se chama: São João dos Negrilhos, dista mais ou menos a 8km. de Aljustrel.
Conta a História: Quando reinava em Portugal D. Afonso Henriques, existiam no lugar dois velhos Montes, nesses Montes viviam duas famílias formadas por dois casais idosos.
Certo dia estavam as senhoras sentadas à porta quando um cavaleiro se aproximou e pediu-lhes água.
Esse cavaleiro era D. Afonso Henriques que se dirigia para a Batalha de Ourique. ( Essa batalha era contra aos mouros, os reis nesse tempo paticipavam e enfrentavam as lutas. Conta a História que essa batalha era comandada por cinco reis mouros, etc.etc. E, Portugal alcansou uma retumbante vitória! (ah,ah...Foi assim que eu aprendi na escola.)
Então, o rei perguntou às mulheres qual o nome do lugar. Elas responderam que não tinha nome que só existiam ali dois Montes velhos.
Ao que o monarca respondeu:
Pois este lugar se passará a chamar Montes Velhos.
O nome correu de boca em boca, mais tarde os Montes velhos cairam, e o lugar tornou-se a aldeia de Montes Velhos.
Pois é, como eu fui nascer lá? Meu pai parece que tinha um espíriro aventureiro. Ele nasceu em Odemira - conheceu minha mãe em Lisboa - onde meus irmãos mais velhos nasceram, minha mãe nascera em Espanha, e... eu nasci alentejana.
Saí de Montes Velhos aos 6 anos de idade, fui para Lisboa onde passei o resto de minha infância e toda a minha juventude.
Como vim parar ao Brasil? Não dá para contar - minha narrativa viraria um "romance".
Há alguns anos escrevi este poema:
Crepúsculo no Alentejo
Na longa planicie/ Um ar desbotado/ De azul incerto/ Era o entardecer.../ Gente caminhava/ Ao ombro uma enxada/ Ou uma foice na mão/ Sentindo o vento/ Respirando o ar/ Amando a vida!/ Caía a tarde - o vento rugia/ Latia o cão - coaxava a rã/ Manhãs pardacentas... o sol dormia/ Caminho ao trabalho - o sol acordava.../ No regresso ele se escondia/ E, aquela gente sempre sorria/ Chegando ao lar/ Fumegava a açorda/ E depois do jantar - ainda iam cantar cantigas em voga/ Braços entrelaçados/ Cantando baladas/ Pelas ruas de terra/ Soavam aos ouvidos como serenatas/ Esqueciam injustiças, do arduo trabalho/ Como me lembro daqueles caminhos!/ Talvez eu beirasse os meus cinco anos/ Jamais esquecerei os alentejanos!/ Recordo veredas/ Caminhos de brejo/ Tinha algo poetico/ O meu Alentejo! I.S.
Florbela Espanca também era alentejana. Aqui transcrevo um dos seus inúmeros poemas:
Árvores do Alentejo
Horas mortas... Curvada aos pés do Monte/ A planicie é um bramido...e torturadas/ As árvores sangrentas, revoltadas,/ Gritam a Deus a benção duma fonte!/ E, quando, a manhã alta, o sol-posponte/ A oiro a giesta a arder pelas estradas,/
Esfíngicas recordam desgrenhadas/ Os trágicos perfis no horizonte!/ Árvores! corações, almas que choram,/ Almas iguais à minha alma, almas que imploram/ Em vão remédio para tanta mágoa!/ Árvores! Não chorais! Olhai e vê-de;/ Também ando a gritar, morta de sede,/ Pedindo a Deus a minha gota de água!
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AINDA SONHO!--------------------- Isabel Sousa
Quanto tempo passou!/ Primavera em Portugal.../ Eram de terra as ruas/ Havia toscas cabanas/ Casas de pedra e tijolo/ Jumentos de olhos vendados/ Puxavam água do pôço/ Errigando as verdes hortas/
Lá nasci...
Planicie alentejana! / Brisa balançando os trigais.../ Papoulas vermelhas sorriam, / Além, os olivais...
Rolinhas - pardais - rouxinois.../ Sol - chuva - calor - frio.../ O tempo passava e eu sonhava! /
Meu pai era o rei - minha mãe a rainha/ Nunca tiveram coroa nem de ouro nem de lata..../
Mas, eram os soberanos daquela casa branquinha.../ onde o sol era dourado e a lua prateada... /
Seis anos lá vivi.../ E me sentia feliz!
Quando parti - sem o meu rei.../ sem minha rainha.../ Com o coração apertado/
Meu destino segui /Passarinho ferido de seu habitat arrancado/ Caminhos percorri -
tropecei - caí - levantei.../ Lágrimas - sorisos e sonhos!
Daquela branquinha aldeia / Resta-me a doce saudade/ Da minha rainha, a imagem/ Que como um anjo me diz: / Sonha princesa minha.../ Que assim serás feliz!