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domingo, 12 de fevereiro de 2012

Lembranças do Alentejo

 O Alentejo era chamado o Celeiro de Portugal. 
Campos de trigo.

Ceifeiras do Alentejo

 Montes Velhos.... A terra onde eu nasci. O lugar na verdade se chama: São João dos Negrilhos, dista mais ou menos a 8km. de Aljustrel.
Conta a História: Quando reinava em Portugal  D. Afonso Henriques, existiam no lugar dois velhos Montes, nesses Montes viviam duas famílias formadas por dois casais idosos.
Certo dia estavam as senhoras  sentadas à porta quando um cavaleiro se aproximou e pediu-lhes água.
Esse cavaleiro era D. Afonso Henriques que se dirigia para a Batalha de Ourique. ( Essa batalha era contra aos mouros, os reis nesse tempo paticipavam e enfrentavam as lutas. Conta a História que essa batalha era comandada por cinco reis mouros,  etc.etc. E, Portugal alcansou uma retumbante vitória! (ah,ah...Foi assim que eu aprendi na escola.)
 Então, o rei perguntou às mulheres qual o nome do lugar. Elas responderam que não tinha nome que só existiam ali dois Montes velhos.
Ao que o monarca respondeu:
Pois este lugar se passará a chamar Montes Velhos.
O nome correu de boca em boca, mais tarde os Montes velhos cairam, e o lugar tornou-se a aldeia de Montes Velhos.
Pois é, como eu fui nascer lá? Meu pai parece que tinha um espíriro aventureiro. Ele nasceu em Odemira - conheceu minha mãe em Lisboa - onde meus irmãos mais velhos nasceram, minha mãe nascera em Espanha, e... eu nasci alentejana.
Saí de Montes Velhos aos 6 anos de idade, fui para Lisboa onde passei o resto de minha infância e toda a minha juventude.
Como vim parar ao Brasil? Não dá para contar - minha narrativa viraria um "romance".
Há alguns anos escrevi este poema:

Crepúsculo no Alentejo

Na longa planicie/ Um ar desbotado/ De azul incerto/ Era o entardecer.../ Gente caminhava/ Ao ombro uma enxada/ Ou uma foice na mão/ Sentindo o vento/ Respirando o ar/ Amando a vida!/ Caía a tarde - o vento rugia/ Latia o cão - coaxava a rã/  Manhãs pardacentas... o sol dormia/ Caminho ao trabalho - o sol acordava.../ No regresso ele se escondia/ E, aquela gente sempre sorria/ Chegando ao lar/ Fumegava a açorda/ E depois do jantar - ainda iam cantar cantigas em voga/ Braços entrelaçados/ Cantando baladas/ Pelas ruas de terra/ Soavam aos ouvidos como serenatas/ Esqueciam injustiças, do arduo trabalho/ Como me lembro daqueles caminhos!/ Talvez eu beirasse os meus cinco anos/ Jamais esquecerei os alentejanos!/ Recordo veredas/ Caminhos de brejo/ Tinha algo poetico/ O meu Alentejo!            I.S.
                                                                                                                                                                     

Florbela Espanca também era alentejana. Aqui transcrevo um dos seus inúmeros poemas:

Árvores do Alentejo

Horas mortas... Curvada aos pés do Monte/ A planicie é um bramido...e torturadas/ As árvores sangrentas,   revoltadas,/ Gritam a Deus a benção duma fonte!/   E, quando, a manhã alta, o sol-posponte/ A oiro a giesta a arder pelas estradas,/
Esfíngicas recordam desgrenhadas/ Os trágicos perfis no horizonte!/ Árvores! corações, almas que choram,/ Almas iguais à minha alma, almas que imploram/ Em vão remédio para tanta mágoa!/ Árvores! Não chorais! Olhai e vê-de;/ Também ando a gritar, morta de sede,/ Pedindo a Deus a minha gota de água!
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------(Aqui vai mais um poema)

AINDA SONHO!--------------------- Isabel Sousa

Quanto tempo passou!/ Primavera em Portugal.../ Eram de terra as ruas/ Havia toscas cabanas/ Casas de pedra e tijolo/ Jumentos de olhos vendados/ Puxavam água do pôço/ Errigando as verdes hortas/
Lá nasci...
Planicie alentejana! / Brisa balançando os trigais.../ Papoulas vermelhas sorriam, / Além, os olivais...
Rolinhas - pardais - rouxinois.../ Sol - chuva - calor - frio.../ O tempo passava e eu sonhava! /
Meu pai era o rei - minha mãe a rainha/ Nunca tiveram coroa nem de ouro nem de lata..../
 Mas, eram os soberanos daquela casa branquinha.../ onde o sol era dourado e a lua prateada... /
Seis anos lá vivi.../  E me sentia feliz!
Quando parti - sem o meu rei.../ sem minha rainha.../ Com o coração apertado/
 Meu destino segui /Passarinho ferido de seu habitat arrancado/ Caminhos percorri -
 tropecei - caí - levantei.../ Lágrimas - sorisos e sonhos!
Daquela branquinha aldeia / Resta-me a doce saudade/ Da minha rainha, a imagem/ Que como um anjo me diz: / Sonha princesa minha.../ Que assim serás feliz!

3 comentários:

Ana Coimbra disse...

Parabéns ao retratar mais uma pequena trajetória da sua vida.
Gostei muito, principalmente em saber a história de Montes Velhos.

Anônimo disse...

Fico feliz em "reve - la" Sra. Isabel. Eu lhe conheci a alguns anos, e ganhei um livro chamado "Trilhas Poéticas" de sua autoria. Lembro de ir com meu pai (Edimario) em sua casa, para colocar uma grade de metal, para que sua gatinha (Chamu) não fugisse. Hoje encontrei esse livro tão belo, e também este blog, o que me fez feliz em saber que temos suas escritas tão belas conosco. Meu nome é Wellington Baltazar, e sou grato por poder conhecer mais um pouco do seu trabalho.

Rui Faustino disse...

Estimada D. Isabel quero felicitá-la pelas suas recordações da freguesia de S. João de Negrilhos, e disponibilizar-me para a receber de novo na sua terra natal.
cumprimentos.
Rui Faustino (Presidente da Junta de Freguesia)